quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Um navio petroleiro afundou ano passado no litoral espanhola 3 mil metros de profundidade. Como o petróleo, em temperaturas tão baixas, não solidificou ou ficou tão viscoso a ponto de não vazar dos porões do navio?


Sabe-se que a densidade da água do mar (cerca de 1,03.103 kg/m3) é ligeiramente maior do que a da água doce (aproximadamente 1.103 kg/m3). Vale lembrar que a densidade do mar varia principalmente com dois fatores: o geográfico (o mar Vermelho apresenta densidade bem maior) e a profundidade (ao aumentar a profundidade, diminui a temperatura e cresce a pressão, o que altera a concentração de sais no mar e eleva a densidade). Com a profundidade fornecida pelo leitor, de 3.000m, pode-se calcular a pressão aproximada por um teorema fundamental da hidrostática (P(h) = Patm + d.g.h), o que dá um valor igual a 304,14 Pa. Sabe-se também que a temperatura a tal profundidade é inferior à temperatura ambiente, a qual já é suficiente para precipitar parafinas e outros componentes do petróleo, alguns dos quais cristalizam. Contudo, não se pode dizer que todos os componentes do petróleo irão precipitar, pois é necessário conhecer a real temperatura a essa profundidade, entre outros fatores. Considerando que uma parte precipita e outra não, o que é de se esperar, tanto a parte que permanece líquida quanto a que precipita são menos densas que a água do mar e, assim, subirão até a superfície. O leitor ainda questiona sobre a viscosidade que deveria interferir no vazamento do petróleo dos porões. A viscosidade varia exponencialmente com a temperatura: quando esta diminui, a viscosidade aumenta. No entanto, a pressão a tal profundidade produz uma força muito maior que a força resistiva que surge devido à viscosidade, obrigando assim o fluido em questão (petróleo) a sair dos porões. (Sérgio Lucena Departamento de Engenharia Química, Universidade Federal de Pernambuco; Ciência Hoje, julho de 2003).

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